sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Vida de ashram

Desde o dia 27 estávamos, eu e Livia, no ashram do Vishnu Devananda, em Neeyar Dam. O lugar eh lindo, cercado por muito verde, uma represa ( cheia de crocodilos), muitas montanhas e um templo pra Kali no alto de uma delas. A viagem ate lá foi pesada, pegamos um trem terrivelmente sujo, tivemos de correr a estacao inteira com as malas nas costas para não perde-lo e ainda viramos atracão turística do trem, todo mundo queria conversar conosco. E eu estava exausta, querendo ficar quietinha no meu canto! Depois do trem, um ônibus entupido de gente e ainda mais um tuc-tuc por uma eternidade pra chegar no ashram. Com certeza eu não cheguei com o melhor humor do mundo! E chegando lá, vieram as regras, muitas regras, tudo era proibido. Fiquei ainda mais mal humorada. E de cara já nos levaram pra uma caminhada de 45 minutos, mais ou menos obrigatória, ladeira acima, para o templo de Kali. Noooooooossa, foi difícil! Eu queria matar uns 3 pelo menos. Estávamos exaustas, mas chegando lá em cima, não tem como continuar de mau humor! A lua estava linda, o ar fresco, tambor, incenso, fogo pra todo lado em homenagem a mãe Divina em seu aspecto mais bravo! Foi muito gostoso. E nos dias seguintes foi muito interesssante assistir aa transformação do nosso corpo e mente. Fomos nos acostumando as 4 horas diárias de aula, 3 de satsanga e meditação, 1 de karma yoga (caímos na venda de produtos naturais, fazíamos sucos, chás, torradas, etc), duas de palestra, mantras pra la e pra ca, dormitório com umas 100 mulheres, chinelo proibido inclusive nos banheiros e por aí vai. Quando vi, uns dois dias depois, já estava amando tudo, as aulas não eram mais tão difíceis, o corpo já tinha acostumado aos exercícios mega puxados, tinha feito muitos amigos e me sentia em casa, feliz da vida, totalmente integrada com o lugar e com a natureza (nadei quase todos os dias na represa dos crocodilos, escalei a montanha de novo pra ver o sol nascer, fiz um safari). Eh mto legal ter tempo pra sentir, perceber e entender os nossos processos. Paciencia e tolencia tem que começar com nos mesmos. Ficou muito claro pra mim que tem coisa que eu não dou conta mesmo na hora, mas não preciso falar nem fazer nada. Eh só esperar passar, e passa. So observar e deixar passar. E no final das contas me permiti também quebrar as regras que eram demais pra mim (usei o celular uma vez todo dia pra falar com a minha Livia, fugi de algumas palestras que não eram interessantes pra nadar...) mas sempre sem incomodar ninguém e nem atrapalhar a rotina do ashram. Entendi que na verdade eh só isso mesmo que eles realmente querem! O que parecia que seria insuportável se tornou delicioso!
A passagem de ano foi sensacional. O satsanga da noite começou como sempre as 20:00, mantras para todos os gostos, depois um show de música clássica indiana lindo, mas a galera bodou total, tinha gente deitada pelo hall inteiro, dormindo no chão porque não podia sair do satsanga. Aí as 22 hs eles nos levaram pra beirada da represa onde tinham preparado uma surpresa com música tecno, fogueira, fogos de artificio e chá ...kkkkk... Muito chá! A gringaiada, inclusive eu, enlouqueceu! Quase todo mundo dançou loucamente, algumas pessoas
ficaram incomodadas com a festa e a música, mas eu achei que foi muito legal da parte do ashram proporcionar uma programação mais "normal", mais flexivel, e o resultado que a energia subiu mesmo! As 23:30 eles chamaram todo mundo de volta e ficamos repetindo o mantra OM ate a virada. Foi a meditação mais forte que eu tive no ashram. Então valeu demais!
Ontem de madrugada saímos de lá, confesso que fiquei com o coração apertado, estava adorando a experiência, os amigos, as aulas, a comida, as fugidinhas... E estamos agora em Rishikesh. Chegar aqui foi uma maratona: vôo de 4 horas, um dia a toa sem rumo em Delhi, 7 horas num onibus muito lama que custamos a achar onde embarcava, com mais um atraso de 3 hs por conta de dois pneus furados no meio do nada, mais uma hora em outro ônibus mais lama ainda e um tuc-tuc num frio absurdo. Mas finalmente aqui estamos, aos pés do Himalaya, na cidade do yoga! Sao tantos cursos e aulas que nem sei por onde começar. Sao os últimos dias da Livia e daqui não devo sair ate o final do mês. A cidade eh linda, silenciosa (juro!), a mais limpa que visitei ate agora, o Ganges desce lentamente pelo centro, tem macaco pra todo lado e muito yoga! Logo terei mais coisas pra contar...
Um beijo a todos, filha um especial pra vc... Te amo.

3 comentários:

Bela Bueno disse...

Amiga querida! Que delicia te acompanhar de longe!!! Tanto processo e vivencia bonita!!! Beijo doce no seu coraçao! POsta bastante foto no face pra gente ficar daqui viajando!!! Com voce no coraçao,
Bala.

Afonso Júnior disse...

Oi! Estou acompanhando tudo e adorando! Esperando ver mais e mais e mais fotos!!! Coloca aí pra gente ver!

Inspire Yoga disse...

Não to conseguindo colocar fotos no blog direto do iPad.... Só no Facebook...