Há muito tempo eu deixei de acreditar em coincidências. Acredito que nada acontece por acaso, ninguém entra em nossas vidas por acaso, enfim, o acaso não existe, no meu ponto de vista. Isso começou a ficar mais forte pra mim quando minha amiga Alessia me apresentou o livro A Profecia Celestina e aqui na India Isso simplesmente se solidificou. Parece que desde que eu cheguei fui encaminhada para o lugar certo, conheci as pessoas certas, tudo na mais perfeita sincronia.
No nosso primeiro dia aqui em Rishikesh, fomos fazer uma aula de yoga num ashram de Kriya Yoga, porque a Livia pratica essa linha e porque eh perto da nossa guest house. O recepcionista, israelense, era muito simpático e a conversa fluiu. Quando dissemos que somos brasileiras ele logo falou: ahhh, então vocês conhecem o Baba. Quem? "Prem Baba, um guru brasileiro que mora metade do ano aqui, metade no Brasil. Tem muitos devotos dele por aqui, por isso a cidade esta tão cheia de brasileiros!!! Ele eh fantastico, agora entendi porque voces duas vieram ate aqui, eh pra eu levar voces la". Eu e a Livia olhamos uma pra outra com o jeitinho mineiro de ser desconfiado, já com um pouco de preconceito, preguiça, enfim... De qualquer forma, marcamos de encontrar com o menino no dia seguinte para irmos juntos aa palestra do tal Baba.
Chegando lá, realmente, tem muito brasileiro! Português pra todos os lados, inclusive durante a palestra. Mantras com instrumentos brasileiros e indianos misturados, o inconfundivel e delicioso batuque brasileiro! Entra ele, franzino, sorridente, parece um indiano. Quando ele começou a falar percebi que era mais um presente. Não sei nada sobre o trabalho dele, nunca tinha ouvido falar antes, mas o fato eh que o discurso dele foi maravilhoso, tive a sensação de que ele estava falando pra mim, que tinha escolhido o tema a dedo, só pra mim. As lagrimas (minhas, lógico, como sempre, mas também de muitas outras pessoas) simplesmente escorriam, de emoção, alegria, alivio, sei lá. Ele falou sobre o momento de desmoronamento da auto imagem que todos nos temos que passar. Eh quando tudo se quebra, nada mais
faz sentido, as portas se fecham, tudo eh sofrimento. Eh quando a mascara do falso Eu que construimos ao longo de nossas vidas tem que finalmente cair, para dar lugar ao real. O que desmorona eh o ego, o nosso jeito de fazer as coisas. Comparou esse momento aos 40 dias de Jesus no deserto. O deserto tem que ser atravessado, não adianta fugir, o Universo te põe de volta pra enfrentar a prova iniciatica. A solução eh ficar presente, no olho do furacão, observando, ate que você consiga ouvir a mensagem que essa experiência quer te dar, e então você sentira conforto e alegria, contentamento. "Tudo vai passar, não se preocupe, você vai atravessar o deserto. A questão eh como, se você vai escolher mais ou menos sofrimento. O querer aprisiona, então não queria estar em outro lugar nem queira atravessar o
deserto, apenas observe a caminhada. Esteja presente, dessa presença nascera uma nova direção, eh sempre um renascimento". E cada um de nos faz essa travessia sozinho, cada um com sua bagagem, suas marcas, cada um no seu tempo. Tem que ser assim. Terminou citando o exemplo da metamorfose da lagarta. Um homem passou um dia e, vendo a lagarta em seu casulo pequeno e apertado, imaginando seu sofrimento, resolveu ajuda-lá libertando-a. Mas a borboleta ainda não estava pronta, faltava uma asa e ela então nunca pode voar. Nos também temos que passar por toda essa metamorfose pra podermos voar alto!
Saímos de lá sem palavras, quietinhas, cada uma com seus pensamentos. Me senti muito abençoada por ter caído ali e por ter me sentido tão acolhida e em casa. Como a vida eh engraçada neh, vim parar longe na India pra escutar de um guru brasileiro palavras tão fortes. Fiquei feliz por mais uma vez não ter permitido que o ego falasse mais alto e ter ido aa palestra. Jay!!!
E ontem o primeiro presente que a India me deu foi embora. A Livia começou sua caminhada de volta pro Brasil. Soube hoje que, alguns apertos mais tarde, ela chegou bem em Delhi e embarca sábado pra nossa terrinha. Vou sentir muita falta dela aqui... dos olhares cúmplices, das gargalhadas, da companhia, mas mais importante, de ter uma alma tão boa e leve pra ajudar a digerir os acontecimentos e emoções de todo dia. Amiga, obrigada por tudo! Please, go in peace, hold your ticket and count your bags!! Rsrsrsrsrsrsrs. We are all bliss!
Kkkkkkkkkkkkkkkkk
Beijos
Filha, MQTM! Bjo
terça-feira, 10 de janeiro de 2012
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