sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Essas duas ultimas semanas foram intensas. Não tive muito tempo pra escrever, mas muito tempo pra pensar e sentir. O que eu mais senti aqui nesses últimos dias foi gratidão. Gratidão por ter vindo pra India na hora certa, por ter conhecido as pessoas certas e por poder, todo dia, enfrentar algumas das minhas maiores dificuldades e simplesmente seguir feliz e tranqüila. O dia mais difícil ate agora pra mim foi dia 23 de dezembro, quando nossos amigos indianos nos levaram pra conhecer a casa onde Satchidananda nasceu e viveu ate os 25 anos. No caminho, na beira da estrada, páramos pra tomar a água de uma fruta daqui, parecida com coco. A água ficava guardada num caldeirao tampado por um pano xadrez cheio de mosquito e o líquido era servido numa folha em formato de barco que ficava jogada no chão. Depois o almoço chegou embrulhado em jornal e comemos sentados no chão pintado com uma mistura de coco de vaca e água (dizem que eh antibactericida). Eu achei que fosse morrer ali mesmo.... Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk. Mas a doçura e o cuidado dos indianos amolece qualquer coração, então comi, achei ate gostoso, não passei mal e consegui ficar tranqüila. Mas foi difícil demais! Se eu tivesse uma varinha de condão teria desaparecido!
Ate o dia 25 eu estava em Coimbatore, e eles estavam comemorando o aniversario do Swami, então tinha palestra com um Swami fantástico, Anubhavananda e jantar todos os dias. Conheci um outro lado da India que eu nem tinha visto ainda, o das pessoas com dinheiro. Jantamos duas noites em casas diferentes, enormes, com mármore no chão, recebendo 40, 50 pessoas pra jantar ( mas ainda assim comendo com a mão e no prato de bananeira), mas fiquei com uma sensação estranha, a discrepância eh grande demais. Eh a India dual, do cheiro de lixo e de incenso, dos gurus santos e dos aproveitadores, da espiritualidade e da sobrevivência. No Natal eu e a Livia fizemos uma ceia, sanduíche de cogumelo, rsrsrsrsrs, mas no dia 25 levamos os indianos pra tomar café da manha conosco e eles levaram um bolo pra comemorar meu aniversario. Foi uma delicia, fiquei super emocionada e, apesar de estar longe das pessoas que eu amo, me senti protegida, amada e cuidada. Gratidão mais uma vez.
No dia 26 fizemos um passeio de barco chiquerrimo, ficamos as duas muito assustadas! Parecia um motel flutuante... Foi uma piada, mas pelo menos demos um tempo do trânsito e da barulheira da cidade. E o lugar era maravilhoso, Allepey.
Agora estamos em Neeyar Dam, no ashram do Sivananda. Sensacional, com uma rotina super pesada, duas aulas de yoga por dia, duas
meditações, dois satsangas. Ao redor, uma floresta e na frente um lago lindo, limpinho e cheio de crocodilos! Rsrsrsrsrsrsrsrs. Ficaremos aqui alguns dias, talvez eu siga para o ashram da Amma, e dia 5 vou para Rishikesh. Logo mando mais notícias...
Filha, saudade do seu cheirinho... Amo vc!

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